Capítulo 10


Entrar no Setor da Casa 04 é um dos momentos bem desafiadores, aprofundados com as características e “noção de efemeridade, impermanência das coisas, transitoriedade da vida, transformação, desapegos…” (palavras que ouvi de Cláudia Lisboa no YouTube), de acordo com a força e potência do signo de Escorpião há 28° na Cúspide do Fundo-do-Céu (FC) do meu Mapa Natal e a Lua, há 25° do mesmo signo, o que pelas regras, devemos trazê-la com seus fluxos aqui para o seu domicílio, que é o reduto natural de Câncer/Caranguejo. Para elevar o nível de necessidade a introspecção e reavaliação pessoal, tenho Lilith há 14° de Sagitário, com o chamado “descarregamento cármico” tudo para esta área.

O “Fundo-do-Céu (FC) é a motivação profunda desta jornada de vida, é ‘a porta das almas’ neste mundo, segundo os antigos gregos”. (BIZEMONT, 1990. p. 116-117)

Vejo esta importante Casa como um dos momentos mais difíceis de narrar, porque traz “suas revelações a respeito da família, nossas raízes, o lar no tempo da infância, as experiências com o nosso pai (ou mãe), a nossa privacidade, a vida interior emocional…” Então venha comigo, querido/a leitor/a para os meus quatro anos de idade, quando fui com a minha mãe Heloise Helena e minha irmã mais velha, Rossana, para Belo Horizonte. Dizem que o papai até esteve por lá conosco e chegou a trabalhar com os meus tios maternos. Lembro-me muito pouco desta passagem e de vê-lo naquele cenário, mas chega a minha memória bem-marcada, que ele esteve ausente e não se sabe por onde andava.

Antes de prosseguirmos, voltemos aos meus dois anos quando sofri três acidentes em uma escada de um apartamento onde morávamos, porque eu corria para receber o papai (sempre viajando), estava com uma saudade expansiva e multiplicada em altas potencias, era um sentimento tão intenso e profundo naquele pequeno coração! Ele me recolhia toda machucada, precisava de cuidados e aos sete anos precisei retirar um cisto na testa, que os coleguinhas chamavam de tiro de canhão, o desconcertante “bullying” de infância. Cuidados, afeto, carinho e atenção, eram atitudes, que eu cobrava da minha mãe, porque ela parecia ter olhos apenas para a minha irmã mais velha, que era birrenta, estranha, egocêntrica, chata demais ao ponto de ocupar tanto a nossa mãe, que na minha visão daquele tempo, eram motivos pelos quais a nossa mãe nem percebia a minha agilidade para encontrar o papai e provocar um sinistro e repeti-lo mais de uma vez.

Já expliquei em textos anteriores, que hoje, com a consciência adulta, posso compreender que não era nada pessoal, mas até sair da inconsciente infantilidade, a criança ferida segue com essa cobrança e sensação de rejeição, o que atrapalhou e interferiu nossa convivência. Aliás, a rejeição tem memória no ventre, pois como acho que já mencionei em outro texto, caso contrário repito, fui concebida no resguardo da primeira filha.

Guardar ressentimentos destes tempos na infância acontece com muitas pessoas, nós paramos no tempo, olhando para uma situação vista sem a maturidade necessária para compreender que nossos pais são “um homem comum e uma mulher comum”, com dizia Bert Hellinger. Este casal, nossos pais biológicos, tiveram seus medos, suas questões humanas para lidar e a única missão conosco foi nos gerar. Contudo, enquanto a egocêntrica criança, neste caso a minha “pessoinha”, seguiu achando que os pais ainda deviam-me algo e que eu não recebia amor ou atenção o bastante, a “Princesinha” se frustra, entra no vitimismo, como aconteceu nesta situação até que aos 16 anos aprendi a ser-lhes grata por meio de orações da Seicho-No-Ie. Saber que a vida humana, biológica, com as histórias dos ancestrais maternos e paternos é tudo, é muito e é o suficiente para a expansão da nossa alma também foi uma descoberta valiosa e mais atual, que me liberou em meu percurso pedagógico na crosta da Mãe Terra.

Vamos voltar para Belo Horizonte, quando recebemos a visita do tio Arédio Mundim, casado com tia Solíria, uma das seis irmãs do papai (que era o caçula entre 12 filhos de meus avós Onofre Pires de Miranda e Jovelina Cândida de Oliveira). Enquanto recebíamos visitas a família nos deixava em nosso quarto e diziam que não era para sairmos de lá. A minha irmã Rossana não era orgulhosa como eu, ela era sensível e fugiu para a porta da sala. Muito humilde, ela perguntou ao tio se ele conhecia o nosso pai, disse o nome completo dele: Edson Pires de Miranda, ela sempre foi inteligente com as palavras. O tio respondeu que sim, que conhecia o nosso pai, e ela implorou para ele dizer ao nosso pai, que nós o amávamos e sentíamos muito a falta dele. Quanto dói me lembrar deste momento! Fico envergonhada, hoje agradeço a minha querida irmã por ter mudado a nossa história, desafiando as ordens recebidas, ela foi corajosa, expos seus sentimentos, nossos sentimentos.

Minha cabecinha arrogante, jamais passaria por aquela humilhação a suplicar o amor de quem havia nos abandonado. Sinceramente eu não sabia o que eram as questões dos adultos, morávamos com a vovó Lucinda Medeiros Brasil, viúva de Lusencourt Brasil, um farmacêutico de Araguari-MG. Lá no apartamento de BH também moravam a tia Edy e o tio Schmitt com a prima Lúcia, todos eles escondiam muitas coisas de nós, mas quando a Rossana dava birra ou quando eu fazia bagunça, éramos ameaçadas por vovó e titia, que diziam que iam nos entregar para o nosso pai e que seríamos criadas por outra mulher, longe da nossa mãe. Sem querer justificar as cruéis chantagens, mas nós duas éramos duas geminianas, isso significa que fazíamos bagunça por quatro, muito criativas e tagarelas.

Ficávamos bem quietas e tínhamos medo, pelo menos eu tinha medo de imaginar a minha vida longe da minha mãe. Mamãe tratava a gente feito bonecas, escovava os nossos longos cabelos todas as noites antes de dormirmos, ritual de escovar dentes, nós estávamos sempre muito limpas e cheirosas, o que eu queria mais? Queria a minha mãe só para mim, sério, era isso mesmo, a Rossana ocupava tempo demais da mamãe com as birras e manhas. Mal eu sabia que eram sintomas da esquizofrenia, diagnosticada aos 15 anos. Sim, eu precisei liberar ressentimentos, rejeições, remorsos e arrependimentos das minhas memórias celulares, compreender e me auto perdoar, foi um aprendizado. A Técnica ThetaHealing me permitiu acessar esta passagem para ressignificá-la, porque não imaginava que ainda existiam questões para serem compreendidas e transformadas. Esta situação pesou na minha decisão ao escolher não gerar um filho ou filha.

Talvez um astrólogo poderia ter suspeitado de algo na minha história de infância, simplesmente por ver Lilith nesta casa. Lembre-se, tenho Lilith em Sagitário, ficamos afastadas por dois anos e dois meses de nosso pai, ele estava no Triangulo Mineiro ou tinha ido para o Mato Grosso, não sei, era longe, distante. A consequência destes fatos para mim foi também criar uma armadura de ferro em torno do meu coração, congelá-lo e jamais perderia a guarda novamente, jamais permitiria que alguém me cativasse para me abandonar, certamente eu abandonaria primeiro ou me conservaria incapaz de demonstrar o que realmente sinto. Meu querido esposo viveu quase 30 anos com esta figura, cheia de amor, mas incapaz de demonstrar, negando-me abrir a guarda e o coração. Até que vieram as netinhas dele e da ex-esposa, estas crianças chegaram com as chaves certas e há quase nove anos passei a desfrutar mais da possibilidade de experimentar deixar exalar amor, afeto e carinho para a família.

Depois que o meu pai recebeu a mensagem da Rossana ele veio nos buscar, lembro-me que ele não tinha carro e voltamos na boleia de um caminhão de um amigo dele. Isso aconteceu depois de muitas brigas com minha avó materna, que correu atrás do meu pai com um serrote de pão antigo ou uma faca, foi assustador. Gente, meu pai pulou uma janela de quase três metros de altura, não sei. Eu o vi saindo pela janela feito um Ninja, fugindo da vovó, ele era magro e muito esperto. Depois mamãe se despediu da minha avó e explicou que seguiria com o marido, porque não aguentava ver o sofrimento das filhas com a ausência do pai. Vovó deu um tapa no rosto da mamãe e aquele tapa foi inesquecível na minha memória. Mamãe não reagiu, abaixou a cabeça e agradeceu a vovó pelo tempo que nos acolheu.

Seguimos a vida, fomos para Romaria-MG, onde tínhamos uma chácara e o nosso pai tinha um loteamento em toda a cidade. A Rossana veio no colo da mamãe e eu no colo do papai, mas eu estava emocionalmente fria, indiferente, emburrada, bicuda, meus lábios sempre foram grossos, mas naquele dia parecia um Pajé. Papai não podia me dar nenhum beijinho, imagine, depois de nos abandonar por tanto tempo, parecia uma eternidade… E as histórias que vovó e tia Edy contavam de outra mulher que ia transformar nossas vidas em escravidão, tipo as órfãs de Contos de Fadas? Minha pele era branca, meus cabelos eram lisos, longos e loiros e tenho olhos azuis, que no Grupo Escolar da cidade me deram o titulo de alemãzinha, “zoi azedo” (“bullying”).

O tempo passou e pude conhecer melhor o meu querido pai, que foi me conquistando com seu carinho taurino, venusiano e dedicação paterna. Tínhamos uma horta e aprendi a cuidar e comer rabanetes quentes retirados da terra fresca, cenouras doces e macias… Nem sempre a Casa 04 é lida como o setor do pai, as mulheres mais sensíveis ou os homens na parelha de progenitores podem igualmente ser reconhecidos nesta casa do Eixo Casa 04-Casa 10. Mamãe é leonina, Solar, forte, guerreira, inteligente, lutadora e a minha admiração por ela é gigante nos negócios da família, sei que é humana, nada de Mulher Maravilha ou qualquer outra Heroína, mas deixa um legado e exemplos de como uma mulher pode ser o cérebro de um lar. Meu Sol em Gêmeos está na Casa 10 e logo falaremos mais disso, como também falaremos do Signo de Câncer/Caranguejo na cúspide da Casa 12 e vamos tecendo relações entre estes setores com outras histórias.

Finalizando, por muito tempo eu me comportei como a mãe de meus pais, totalmente fora do meu lugar de filha, como se diz na linguagem sistêmica “bertiliana”. Meus pais tinham muitas discussões por questões de dinheiro, eu era a conselheira emocional, principalmente do meu pai, que chegou a ser meu aluno de Esoterismo por muitos anos. Mamãe tem Ascendente (ASC) em Peixes, muito emotiva e teatral ao mesmo tempo. Acredito que vemos nos outros o tal “espelho neurônio”, que reflete o que nós somos. Voltar para o meu lugar e deixar o sistema familiar em ordem tem sido um processo de cura emocionante e ficamos assim, com pensamentos e sentimentos, tantas curas que têm sido possível para as energias desta Casa do elemento água, com a profundidade de Escorpião, signo de pessoas que eu admiro, pois onde temos esta fluência em nosso Mapa Natal as histórias são sempre impactantes e transformadoras.

Chegamos nas programações ou “downloads” (novos paradigmas e conexões cerebrais manifestados em Meditação Theta): Eu já sei o que é fazer parte de uma família honrando o meu pai, minha mãe, ancestrais. Eu já sei como, quando e que é possível receber a vida dos meus pais e honrar o meu clã por esta oportunidade. Eu já sei a sensação de fazer parte, de pertencer biologicamente, energeticamente e honrar as histórias da minha família. Eu já vivo o meu dia a dia sem a necessidade de cobrar amor, afeto, carinho, sem exigir ou reivindicar a proteção dos meus pais e familiares. Eu já sei como, quando e que é possível aceitar as pessoas e circunstâncias exatamente como elas são. Eu vivo o meu dia a dia em paz, grato/a por todas as histórias que vivi, por todos os atores que contribuíram com o meu percurso e aprendizados nesta vida até hoje e para sempre. Eu já sei a sensação de viver no meu dia a dia e nos meus relacionamentos familiares com a Consciência Adulta, numa perspectiva madura, sem vitimismo, sendo coerente, respeitosa, acolhedora, compassiva, por um bem maior das pessoas no meu entorno familiar e para mim. Eu sinto muito; perdoe-me; querida família, eu amo vocês, eu vejo vocês; sou grato/a; eu me perdoo… A L A D I M, apaga, limpa, ascende o Divino em mim. Gratidão, Criador. Está feito. Está feito. Está feito. Sou o/a observador/a. Integro em meus átomos, moléculas e células todos estes programas, da maneira mais elevada da Fonte-Deus, por um bem maior. Aceito. Recebo. Agradeço. (Diga sim e receba estes novos programas para serem integrados em todo o seu ser. Suspire profundamente…)

Peço que me siga nas redes sociais:  @jacquelinebcarneiro ou @aladimespacoenergetico, @jack.iebrasil e Podcasts nas plataformas digitais de áudio,  canal Aladim Espaço Energético.

Agradeço a sua atenção se chegou aqui e me despeço com todo afeto e carinho!!!

Até breve.

Jacqueline Brasil
 

Fontes de Inspiração e Leitura

1 – SASPORTAS, Howard. AS DOZE CASAS: uma interpretação dos planetas e dos signos através das casas. Trad. Mônica Joseph. 16ª ed. Ed Pensamento. São Paulo-SP. 2011.

2 – BIZEMONT, Dorothée Koechlin. ASTROLOGIA CÁRMICA: a Astrologia de Edgar Cayce através dos mapas natais. Trad. Maria Helena Franco Martins. 3ª ed. Ed. Nova Fronteira. Rio de Janeiro-RJ. 1990.

2 – RUDHYAR, Dane. A ASTROLOGIA E A PSIQUE MODERNA: um astrólogo analisa a psicologia profunda. Trad. Maio Miranda. 9ª ed. Ed Pensamento. São Paulo-SP. 1993.

Rossana Brasil de Miranda nasceu dia 12 de junho de 1963; Jacqueline Brasil de Miranda Carneiro, nasceu dia 25 de maio de 1964. (Nossos vestidinhos de crochê nesta foto eram cor de rosa, o dela e o meu era amarelo. Rossana nasceu com os cabelos castanhos e olhos verdes, como os olhos da nossa mãe, que nasceu ruiva.)

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